domingo, 19 de julho de 2015

Quando foi que paramos de nos importar?

Nas últimas semanas, dois fatos me incomodaram muito.
O primeiro de um homem, que aparentemente assaltou uma loja e foi preso a um poste, e linchado.
O segundo foi de uma mulher na China, que estava no décimo andar ameaçando se matar e foi incentivada pela multidão a se jogar de lá de cima.
Os fatos em si não me chocaram muito, apesar da minha pouca idade, um linchamento e um suicídio não são as coisas mais chocantes desse mundo, banalização das coisas, eu sei.
O que me chocou foi que nos dois casos, eles filmaram e botaram na internet. O que me leva a pensar, quais são os limites da era digital? Ok... Ok. Temos a famosa deep web, que tem coisas muito pior. Mas estou falando da internet convencional, Twitter, Facebook... Whatsapp.
Imagens de pedófilos desmembrados, rodando livremente, em grupos de família, com pessoas raivosas vociferando: "Mereceu!"
Não vamos entrar no mérito de que você não pode acreditar em tudo que circula pela internet, a dita pessoa que cometeu um crime hediondo, pode ter sido vítima de uma injustiça, você não sabe.
Mas o quão isso ficou banal? Chegamos ao ponto que a privacidade das pessoas virou algo de domínio público, algo como a morte não seria respeitado, obviamente.
Chegamos ao ponto que um ângulo, um momento, uma foto, são reduzidos a um clique, uma visualização. Pessoas se preocupam em filmar e/ou fotografar algo do que ajudar alguém.
Ai eu pergunto, quando foi que paramos de nos importar?
Talvez, nós nunca estivéssemos nos importando afinal...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Prefiro ser essa metamorfose ambulante

Eu era uma adolescente rockeira,
Todos já tiveram essa fase, ouvir rock e se achar superior. Funk é ruim porque é, os políticos que meus pais apoiam são os que eu apoio, e se você vota em outros você está errado. Música brasileira não presta
Meu gosto é melhor que o seu, porque eu ouço tal música e essa música é superior a sua. Por quê?
Porque sim, eu sou melhor que você.
Sim, terrível. 
Eu sei.
Obviamente eu mudei, cresci. Desde que entrei no ensino médio, Metamorfose Ambulante, do Raul Seixas, foi a música tema da minha vida. Mudei da água para o vinho. Ser jogada num lugar completamente diferente do que eu estava acostumada me fez pensar, repensar e mudar meu jeito de encarar o mundo.
Só porque você gosta de algo diferente de mim, não quer dizer que você esteja errado, ou eu estou errada.
Música ou opinião política não define caráter, as pessoas tem pontos de vista diferentes, e motivos diferentes.
Caráter define caráter.


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A Novela do Peso

Como milhões de mulheres no Brasil, e no mundo, sofro de efeito sanfona. Sim, o temido efeito sanfona.

Sempre achei o nome meio idiota, mas ok. Também nunca admiti que tinha. Por achar o nome idiota. Voltando... Já emagreci e engordei drasticamente umas 4 vezes na minha vida.Mas não é emagrecer e engordar 4 ou 5 quilos, estou falando de diferenças de 10, 15, 20 quilos entre um peso e outro. 

O fato é: Eu tenho que viver em dieta e ficar fazendo exercícios, e digamos que eu não sou a pessoa mais indicada para isso.
Mas se considerarmos os fatos é até perdoável, as primeiras vezes que emagreci e engordei estava no meio da minha infância. E o mundo pode até "abominar" a gordura, mas não facilita em nada. É doloroso para uma criança ser submetida a uma dieta enquanto todas as suas crianças à sua volta estão comendo seus biscoitos gordurosos e guloseimas gostosas. Uma vez, um garoto perguntou pra mim:

"Por que você toma refrigerante diet?"

Resumindo, vivia e vivo em um mundo em que a cada 5 minutos alguém joga algo não-saudável na minha cara.

Mas essa longa introdução foi a preparação para algo que me ocorreu há algum tempinho. Ano passado, eu realmente engordei,e esse ano eu estou tentando voltar ao meu peso de 2013, o fato não é agora, e sim antesEm 2011, eu pesava 70 quilos, 1,58 e 70 quilos. 
Obviamente não me encaixava no perfil magra, estava longe disso, no próprio ano comecei a dieta, sempre com acompanhamento médico (se você quer emagrecer, por favor, vá a um médico), o fato é em 9 meses, perdi 10 quilos, logo as pessoas começaram a notar.
Me parabenizavam, eu não gostava. Quero dizer, me parabenizavam por ter "evoluído"? "Estar melhor do que antes"? "Estar mais bonita"?

Ok, eu estava melhor do que antes, no sentido saúde. Mas ninguém elogia a saúde de uma pessoa. Sempre emagreço por saúde, e com 70 quilos ficava fadigada facilmente. Mas estar mais bonita não me parece válido. Significa que eu era feia antes? Só por ser magra eu estaria bonita? Não gostava disso. Sempre temos esse estigma de que uma pessoa acima do peso é feia, desvalorizada e preguiçosa. Não sabemos o que há por trás disso, mas não ligamos. Se ela é gorda logo não se cuida. Voltando para 2013, em dezembro eu fiquei doente e tive que ficar internada. Perdi uns 5 ou 6 quilos, lembrando-se sempre que pesava 60 quilos na época. Fui a uma festa e não é que vieram falar:

"Nossa você tá muito magra, tem que se cuidar mais!"
"Emagreceu demais."

A minha perda de peso nessa segunda ocasião não foi intencional, mas se tivesse, não seria da conta de ninguém. Mais uma vez, as pessoas falam sem pensar, não sabem a situação por trás, e dão pitaco. Se estou acima do meu peso, reclamam. Se emagreço demais reclamam também!

Mas aliás, o que é que eles querem?